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Out / 2017 |
Especialista prevê fim da estiagem no oeste da Bahia |
A preservação dos recursos hídricos disponíveis na região oeste da Bahia foi pauta de um debate promovido pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Jaborandi, que reuniu, na última sexta-feira (27), na Câmara de Vereadores daquele município, irrigantes, representantes de órgãos ambientais e da sociedade civil, além de prefeitos e vereadores de Jaborandi, Correntina e Coribe.
O diretor de Águas e Irrigação da Aiba, Cisino Lopes, compôs a mesa de debate e defendeu o direito ao uso democrático da água, o que inclui a irrigação de forma eficiente e consciente. As palavras equilíbrio e sustentabilidade deram a tônica do seu discurso. Segundo ele, é possível continuar produzindo alimentos minimizando os impactos ambientais.
“Acho pertinente essa preocupação com os recursos naturais, só não podemos ser radicais. A palavra-chave é fazer o uso racional daquilo que dispomos. As pessoas têm uma visão equivocada da agricultura e, sobretudo, da irrigação. E as veem como vilãs, mas esquecem que foram elas que trouxeram desenvolvimento e progresso para a nossa região; que transformaram o cerrado em terra agricultável; que gerou emprego e renda para a nossa população. Basta comparar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios onde há o agronegócio com os que não há para perceber que a atividade traz muitos benefícios”, argumentou o agrônomo, defendendo o uso consciente da água, sobretudo nesse período prolongado de estiagem.
Para Cisino, o momento atual é de alerta, por conta do baixo volume dos rios, ocasionado pela falta de chuva, razão que tem levado a Aiba a orientar os seus associados a adotarem algumas medidas preventivas. No entanto, ele acredita que cenário deve mudar nos próximos dias. A previsão de chuva foi confirmada pelo meteorologista e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas, PhD em Meteorologia e pós-doutor em Hidrologia de Florestas, Luiz Carlos Molion, que palestrou no evento.
Segundo o especialista, as restrições hídricas enfrentadas não só no oeste, mas em outras regiões do País, têm mais a ver com o ciclo climático do que com a própria atividade de irrigação. O professor da Ufal é otimista quanto à próxima safra. De acordo com suas perspectivas, a chegada do fenômeno la niña vai garantir a boa distribuição das chuvas, promovendo boa produtividade, bem como a normalização do nível dos rios.
“Está previsto o fim de um ciclo e o começo de um outro, pois na natureza nada é definitivo. Vejo uma boa previsão para os próximos dez anos, mas a curto prazo posso adiantar que os anos de 2018 e 2019 serão melhores em termo de chuvas”, disse.
O produtor rural Denilson Roberti classificou a iniciativa de “excelente oportunidade de informar, com embasamento científico, as reais causas para os longos períodos de seca que podem influenciam o regime de chuvas e a oferta de água pelos rios da região”. Em sua opinião, “encontros como esse são importantes para esclarecer as lideranças e a população de um modo geral, que geralmente colocam a culpas no agronegócio e ignoram os fatores cíclicos”, pontuou o agricultor, que está há 29 anos em Jaborandi, onde cultiva soja, milho e algodão, sendo 75% com o plantio de sequeiro, ou seja, cultivado somente com o regime das chuvas.