Segundo números oficiais, trata-se do melhor resultado para meses de março desde o início da série histórica, em 1989. Ou seja, é o melhor superávit registrado em março em 28 anos.
Até então, o maior saldo positivo para março havia sido registrado em 2006, quando foi contabilizado um superávit de US$ 3,69 bilhões. Em março do ano passado, houve um saldo positivo de US$ 458 milhões.
De acordo com os dados do governo, a melhora do saldo positivo da balança comercial em março está relacionada, principalmente, com a forte queda das importações (-30%), uma vez que as vendas externas também recuaram no mês passado, mas em menor proporção (-5,8%).
O expressivo recuo das compras do exterior acontece em um ambiente de fraco nível de atividade no país – com a economia brasileira em recessão – e também de alta do dólar, o que encarece os importados e barateia as vendas externas.
"O superávit de março é histórico. É o maior para meses de março. Se dá por conta de uma queda de importações superior a de exportação. O recuo da importação está mais associado à atividade econômica [fraca] e ao patamar de câmbio [dólar alto]. Na exportação, há um aumento de volume [exportado], mas queda dos preços. Isso é bem significativo e importante para a economia", avaliou avaliou o diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Herlon Brandão.
Exportações e importações em março
Segundo o governo, as vendas ao exterior somaram US$ 15,99 bilhões em março e, com isso, tiveram uma queda de 5,8% sobre março de 2015. A média diária de exportações somou US$ 727 milhões, a menor para meses de março desde 2010 (US$ 683 milhões).
Todas as três categorias de produtos, semimanufaturados, manufaturados e básicos, registraram queda nas exportações em março.
Os dados do governo mostram que as importações continuaram recuando fortemente em março deste ano. No mês passado, caíram 30%, na comparação com março de 2015, para US$ 11,55 bilhões. A média diária de importações, que é a principal forma histórica de comparação, somou US$ 525 milhões em março, o valor mais baixo para este mês desde 2009 (US$ 457 milhões).
No mês pasado, recuaram as compras do exterior de combustíveis e lubrificantes (-40,8%), de bens de consumo (-31%), de bens intermediários (-28,3%) e de bens de capital, que são as máquinas para produção – com queda de 26,8% sobre o mesmo mês de 2015.
Primeiro trimestre
Já no acumulado do primeiro trimestre deste ano, informou o governo, a balança comercial registrou um superávit de US$ 8,39 bilhões. Foi o primeiro saldo positivo para este período desde 2012 e o melhor resultado desde 2007 (+US$ 8,72 bilhões), ou seja, em nove anos.
O resultado também é melhor que o verificado no mesmo período do ano passado: déficit de US$ 5,54 bilhões.
Na parcial de 2016, as exportações somaram US$ 40,58 bilhões, com média diária de US$ 665 milhões (queda de 5,1% sobre o mesmo período do ano passado). As importações, por sua vez, somaram US$ 32,18 bilhões, ou US$ 527 milhões por dia útil, uma queda de 33,4% em relação ao mesmo período de 2015.
Resultado de 2015
No ano passado, ainda de acordo com informações do governo, o saldo positivo (superávit) das transações comerciais do Brasil com o resto do mundo somou US$ 19,69 bilhões. Foi o maior valor para um ano fechado desde 2011, quando o superávit comercial somou US$ 29,79 bilhões.
O resultado foi influenciado pelo baixo nível de atividade. Com a economia brasileira em recessão e o dólar alto, as importações desabaram 24,3% em 2015. Dólar alto torna as vendas externas mais baratas e as importações mais caras.
Ainda segundo números oficiais, a melhora da balança comercial em 2015 também foi influenciada pela queda do preço do petróleo. Como o Brasil mais importa do que vende petróleo ao exterior, o recuo do preço favoreceu a melhora do saldo comercial do país.
Estimativas do mercado e do BC para 2016
A expectativa do mercado financeiro para este ano é de melhora do saldo comercial, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada. O próprio BC também prevê melhora no saldo comercial.
A previsão dos analistas dos bancos é de um superávit de US$ 43,5 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior para 2016. O Ministério do Desenvolvimento estimou um saldo positivo de US$ 35 bilhões neste ano.
Já o Banco Central prevê um superávit da balança comercial de US$ 40 bilhões para 2016, com exportações em US$ 190 bilhões e compras do exterior no valor de US$ 150 bilhões.