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A médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi foi a convidada da live do Pleno.News desta quinta-feira (4), Dia Mundial de Combate ao Câncer. Referência no assunto, a doutora Nise comentou sobre a necessidade de um estilo de vida saudável como forma de prevenir a doença e alertou para a importância de um tratamento precoce e multidisciplinar para alcançar a cura.

Com quase 40 anos de experiência, Nise aponta falhas sistêmicas no Sistema Único de Saúde que dificultam o diagnóstico precoce de câncer e o tratamento ágil, o que muita vezes é determinante para a sobrevivência do paciente.

– Falta um bom sistema de encaminhamento de pacientes suspeitos de câncer. O nosso sistema é tripartite: município, estado e federação. Mas nem sempre os sistemas conversam. A detecção é feita no sistema básico, no posto de saúde, pelo município. Mas quando a pessoa precisa de um tratamento mais complexo, ela busca vaga em um hospital central, e nem sempre há vagas disponíveis. Tudo isso acaba dificultando o caminho do paciente dentro do sistema – observou a pesquisadora.

A oncologista também apontou para a importância da chamada medicina integrativa no tratamento de pacientes oncológicos. Segundo ela, um atendimento multidisciplinar está diretamente relacionado a melhores chances de cura.

– Se você conseguir juntar a medicina integrativa com [a atuação] da psicoterapia, neurologia, endocrinologia e imunologia, isto faz com que o potencial de defesa do indivíduo de produção de anticorpos e células imunologicamente ativas aumente. Mas se você aumenta o estresse, o medo e a angústia, é possível que haja um aumento de corticoide no organismo, o que diminui a defesa [do organismo] das pessoas – declarou a médica.

Questionada por uma internauta com histórico de câncer na família sobre a possibilidade de ela também ser acometida pela doença, Nise explicou o que acontece com quem possui casos de câncer na família.

– Somente 25% [dos casos de câncer] são hereditários. A maioria acontece por mutações espontâneas, ocasionais e circunstanciais, dependentes de alimentação, cigarro, álcool e outros elementos externos. Não é porque outras pessoas [na família] têm câncer que a gente vai ter. Mas se o câncer de mama naquela família ocorreu, por exemplo, numa idade mais jovem, menor do que 30 anos, ou se foi bilateral, [estas] são características que chamam a atenção para um câncer hereditário. Ainda assim, o simples fato de ter uma mutação [genética na família] não significa que a pessoa vai ter câncer. Justamente por isso, ela pode assumir um hábito muito mais saudável e pode se proteger. […] E hoje já existe remédio para essas hereditariedades, como no caso do câncer de ovário, mama e pâncreas, em que se pode usar uma medicação que estabiliza o DNA e ajuda a induzir uma resposta [imunológica] duradoura – observou a médica.

A doutora Nise também aproveitou para fazer um alerta àqueles que buscam possíveis “diagnósticos” na internet. Segundo ela, o acesso à informação é algo positivo, mas é preciso pesquisar com cautela e não formar crenças precipitadas e sem o devido conhecimento médico.

– Se a gente vai na internet, fica maluco. […] Precisamos tomar muito cuidado com o “doutor Google”. Uma paciente minha, por exemplo, estava em uma situação totalmente benigna, mas chegou desesperada ao consultório porque tinha visto um termo [na internet] e achava que estava com câncer, e não era. É preciso contextualizar, pesquisar e estudar a área. Ainda assim, acho muito importante o mundo da informação que temos hoje, as pessoas estão mais informadas, buscando mais dados e elementos que trazem esperança – disse Dra Nise.

Fonte:Pleno News
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