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por Nuno Krause
Caso se concretize, nova liga não pode repetir erros já ocorridos no Brasil, diz especialista
Foto: Lucas Figueiredo / CBF

A ideia de ter uma liga organizada pelos clubes, aprovada nesta terça-feira (15) por 19 das 20 agremiações da Série A do Brasileirão (lembre aqui), não é nova. Em 1987, o "Clube dos 13", criado para defender os interesses políticos e comerciais de 13 equipes brasileiras, organizou a Copa União, vencida pelo Flamengo. Em 2016, times insatisfeitos com a disputa de campeonatos estaduais desenvolveram a Primeira Liga do Brasil, que se encerrou três anos depois por falta de espaço no calendário. Dessa vez, porém, a promessa é de união entre os clubes para de fato organizar o Campeonato Brasileiro, que sairia do "guarda-chuva" da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

 

"Há muito o que fazer, e isso começa já. Por novo calendário, mais planejamento, investimentos e receitas. Por democracia, com equilíbrio, união e trabalho. Sem conflitos, sem ressentimentos. Nós, clubes de futebol, queremos chegar mais próximo do que cada brasileiro espera de nós", escreveu o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, em seu Twitter, nesta terça.

 

Os clubes da Série B já foram convidados para participar. O Sport, único clube que não tinha assinado o termo de criação da liga, por estar passando por um processo de renúncia na presidência (veja aqui), emitiu um comunicado avalizando o plano. Para Amir Somoggi, sócio da Sports Value Marketing Esportivo, empresa que estuda o mercado brasileiro de futebol, esse tipo de liga pode movimentar até R$ 10 bilhões por ano. A média, antes da pandemia de Covid-19, era de R$ 6,1 bilhões. Durante a crise sanitária, diminuiu para R$ 5,1 bilhões.

 

Porém, para que dê certo, é preciso que o modelo de negócio se inspire em grandes ligas que já fazem sucesso. "[É preciso fazer] Um novo modelo de divisão. Hoje, pelo modelo brasileiro não existe nenhuma possibilidade de isso acontecer. É uma criação. Temos que olhar para a NBA, Premier League, La Liga. Só os times brasileiros não perceberam a mina de ouro que é administrar um negócio como o futebol, (...) mas eu quero ver o modelo de empresa, quem são as lideranças, se tem gente com uma visão mais disruptiva ou se é uma coisa mais básica", analisa Amir.

 

Esse novo modelo de divisão passaria por criar uma forma que organize tudo o que hoje é responsabilidade da CBF: arbitragem, direitos de TV, calendário de campeonatos, possibilidade de amistosos, etc. Além disso, fazer com que a diferença de renda de clubes maiores e menores diminua. 

 

"É preciso ajudar os menores. Como a Liga Espanhola ganhou dinheiro? Quando Athletic Bilbao, Sevilla e Villarreal, por exemplo, começam a deixar de receber só 30 milhões (de euros) de TV. Vamos dar o exemplo em moedas. Cem milhões de moedas é o sonho do Figueirense. O Flamengo já recebe 300 milhões. Na Espanha, o Barça e o Real recebiam 150 milhões enquanto os outros estavam ganhando 35. Hoje, esses clubes estão perto dos 80 milhões e Barça e Real não cresceram tanto. O Flamengo não vai ganhar mais dinheiro com TV, e sim com outras coisas, como marketing", destaca.

 

Amir também cita como exemplos de sucesso o Campeonato Inglês, conduzido pela Premier League, com uma divisão de cotas quase igualitárias; a Liga Norte-Americana de Basquete, a NBA; e o Novo Basquete Brasil (NBB). "A diferença é que o basquete não tem o mesmo apelo popular por aqui que o futebol", lembra. 

 

Outra pauta colocada pelos clubes é a da participação igualitária na eleição da CBF. Atualmente, as federações estaduais possuem peso 3 no voto. Equipes da Série A têm peso 2, e da Série B têm peso 1. Ou seja, as entidades têm 81 votos no total, contra 60 dos times.

 

As entidades estaduais participarão da votação na CBF para levar ou não a liga adiante. Ou seja, terão de escolher se desejam ter menos poder. Em contato com o Bahia Notícias, o presidente da Federação Bahiana de Futebol, Ricardo Lima, afirmou que ainda não pode tomar uma posição sobre o assunto, por não ter sido comunicado pela CBF, mas que "tudo o que for bom para que o futebol brasileiro seja melhor sucedido tem que ser bem aceito".

 

A CBF ainda não prevê uma data para apreciar o projeto. 

Fonte:Bahia Notícias
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