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Governo federal exonera diretor do Ministério da Saúde acusado de cobrar propina por vacina
Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

O servidor Roberto Ferreira Dias, diretor do Departamento de Logística em Saúde da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde, foi exonerado nesta quarta-feira (30). A medida, publicada no Diário Oficial da União (DOU), ocorre menos de 24 horas após ter vindo à tona a acusação de um empresário que o acusa de ter cobrado propina pela compra de vacinas.

 

 

A declaração foi revelada pela Folha de S. Paulo, na noite desta terça (29). A matéria conta que o representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominghetti Pereira, tentou fechar contrato com a pasta para vender a vacina de Oxford/ AstraZeneca. Mas, segundo ele, Roberto Dias disse que a negociação só andaria mediante propina.

 

"O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa", disse Dominguetti ao jornal, citando que buscava negociar 400 milhões de doses da vacina, cobrando US$ 3,5 por cada, o que depois passou para US$ 15,5.

 

"Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: 'Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo'. E eu falei: 'Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?'", lembrou o empresário.

 

"Aí ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo", acrescentou. A propina em questão seria de US$ 1 por dose, o que daria cerca de 200 milhões de doses de propina. Dominghetti afirma que não aceitou o acordo dessa forma e a negociação não avançou (saiba mais aqui).

 

De acordo com a publicação, Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). A nomeação dele ocorreu em 8 de janeiro de 2019, quando o ministério estava sob o comando de Luiz Henrique Mandetta (DEM).

 

Barros e sua suposta influência no Ministério da Saúde estão na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. Na última semana, deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), que apoiava o governo, denunciou que seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor de carreira na pasta, sofreu forte pressão para aprovar o contrato da vacina indiana Covaxin, ignorando os indícios de irregularidades encontrados. Os dois prestaram depoimento à CPI e, após ser pressionado, o parlamentar revelou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) culpou seu líder, Ricardo Barros, ao ouvir sobre as suspeitas em torno do contrato (saiba mais aqui). Barros nega as acusações.

Fonte:Bahia Notícias
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