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Demora para tratar perda de olfato por Covid pode dificultar recuperação, diz fonoaudióloga
Foto: iStock

Você já deve ter ouvido falar de alguém que teve o olfato atingido após ter contraído Covid-19. Afinal, é um dos sintomas comuns da doença. É possível acontecer um desaparecimento do sentido até mesmo junto com a perda do paladar ou uma distorção na identificação dos cheiros. Esses sintomas podem continuar mesmo após a cura da doença. E nesses casos, a falta de tratamento pode dificultar a recuperação e até mesmo fazer com que o olfato continue afetado a vida inteira.

 

Uma pesquisa do Journal of Internal Medicine publicada em janeiro desse ano, aponta que 86% dos pacientes com Covid-19 apresentaram alguma disfunção olfatória que, inclusive, pode demorar meses até ser recuperada. Já um estudo feito pelo grupo de Rinologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) em cerca de 20 cidades brasileiras, aponta que em um período de dois meses, 44% dos pacientes recuperaram totalmente o olfato; 23% estão com baixa sensibilidade olfativa (hisposmia); 15% com hiposmia moderada; e 13% com hiposmia severa. Além disso, 3% não recuperou totalmente o olfato.

 

Ao Bahia Notícias, a fonoaudióloga Rafaella Góes, diretora da Clínica Bahiana de Fonoaudiologia, conta que a demora pela busca de tratamento também pode ser prejudicial. "Quanto mais tempo o paciente fica sem, mais difícil é recuperar. Por exemplo, se uma pessoa machucar o pé e ficar acamada durante um mês, o nervo que recebe a informação do pé no chão vai atrofiar e a percepção de equilíbrio vai ser alterada. Isso também acontece com o paladar e o olfato".

 

A perda do olfato (anosmia) pode ser parcial ou total. Já a alteração desse sentido (parosmia) pode acontecer com um cheiro específico, como o doce, ou em vários. Esses sintomas também podem acontecer ao mesmo tempo com o paladar.

 

A fonoaudióloga, que também trabalha com recuperação de sequelas da Covid-19, diz que esses danos podem afetar a qualidade de vida ou até mesmo causar uma deficiência nutricional. “Tive um paciente que sentia cheiro de lixo em todas as comidas e não conseguia comer. O café, para ele, tinha gosto de lixo. E outro sentia gosto de metal o tempo inteiro".

 

Assim que percebida, a perda ou alteração do olfato ainda não é um indicador de que é preciso tratamento, porque é possível que esse sentido seja recuperado com o fim da doença. São os chamados casos periféricos, quando o vírus afeta as células olfativas que, por sua vez, se renovam. "O que os estudos trazem é que as células do olfato e gustativas se renovam em até quatro semanas. Então, se o acometimento foi celular, é possível retomar o olfato", revela Rafaela.

 

Mas nem sempre isso acontece. Nos casos em que o vírus afeta os nervos ou o córtex cerebral, é preciso tratamento. Além disso, o tempo de recuperação é maior. Na imunoterapia, é avaliado o tipo de comprometimento do olfato. “Aí a gente tem duas coisas importantes: tem pessoas que conseguem perceber o cheiro, com o nariz sentindo algo diferente, mas não conseguem identificar qual é. Essa é uma indicação de alteração central”, detalha a fonoaudióloga.

 

O tratamento é feito com estímulo olfatório. “Cada um recebe um estímulo específico com cheiros comuns na vida da pessoa. Daí é feito um mapeamento de que tipo de cheiro ou gosto ele sente e qual está alterado”, conta Rafaella. Descobertas essas informações, esse estímulo pode ser potencializado com laser para ativar as células da papila gustativa e do bulbo olfatório ou com comprimento de onda para ativar os nervos periféricos. Segundo a especialista, cada caso precisa ser estudado para que seja tratado da melhor forma.

Fonte:Bahia Notícias
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