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Com aproximadamente 312,5 mil hectares plantados com algodão e cerca de 50% deste total já colhidos, a Bahia, segundo maior produtor da fibra no Brasil, recebeu, no dia 02 de agosto, a visita dos industriais da Missão Compradores 2023. A iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é parte do programa Cotton Brazil, que congrega, além da entidade dos cotonicultores, a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e tem como objetivo aumentar a participação do algodão brasileiro no mercado internacional.

O grupo é formado por industriais de oito países de destino da commodity de origem Brasil. Na Bahia, eles foram ciceroneados pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e visitaram fazendas, algodoeiras e o laboratório de análise de fibras da Abapa, em Luís Eduardo Magalhães. Antes de chegar ao estado, os visitantes passaram por Mato Grosso, maior produtor nacional, onde conheceram as estruturas produtivas, de beneficiamento e de classificação.

Sete edições

A Missão Compradores está na sétima edição. A cada ano, participam diferentes integrantes. Para a quase totalidade deles, a iniciativa é a primeira oportunidade de conhecer o modelo brasileiro de produção de algodão, que além de altamente tecnificado, tem como diferenciais a sustentabilidade e a rastreabilidade fardo a fardo. Na Bahia, 87,3% da produção de algodão é certificada pelo Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e licenciada pela Better Cotton Initiative (BCI).

“É muito relevante trazer essas pessoas para cá, para conhecer o que nós fizemos pelo algodão, nosso modo de produzir e de beneficiar. Mostramos a eles a rastreabilidade, falamos sobre a certificação oficial (Programa de qualidade do algodão brasileiro – certificação voluntária/autocontrole – Mapa), que tem a chancela do Ministério da Agricultura e Pecuária, e as pessoas têm a oportunidade de testemunhar como o algodão brasileiro evoluiu muito nos últimos anos, de forma responsável e confiável. Para se ter uma ideia, o algodão brasileiro tem o dobro de produtividade do americano, que é o nosso principal concorrente. A dedicação do produtor baiano, neste contexto, é muito grande.

Seis países participam da Missão Compradores 2023: China, Paquistão, Bangladesh, Índia, Vietnam, Turquia, Malásia e Egito. Da Bahia, eles seguiram para Cristalina, em Goiás, e de lá, para Brasília.

Impressionante

A indiana Uma Sekar não disfarçou o encantamento ao visitar, na Bahia, a Fazenda Acalanto e a algodoeira Algopar, do Grupo Horita, e a algodoeira Warpol, do Grupo Busato. O mesmo entusiasmo ela demonstrou ao visitar as instalações do centro de análise de fibras da Abapa, o maior do Brasil, pelo qual, nessa safra, devem passar mais de três milhões de amostras, pelas suas 14 máquinas High Volume Instrument (HVI).

“Antes, eu tinha uma visão um pouco negativa sobre o algodão brasileiro. Após ver estas grandes fazendas, o beneficiamento e os laboratórios de classificação, posso dizer que é, realmente, impressionante. Nunca esperei ver algodão assim. Na índia, nossas fazendas são muito pequenas. Não usamos nenhuma das tecnologias que vi aqui. A partir de agora, tenho que ser bem específica antes de comprar”, diz a empresária. Ela dirige, com a irmã, uma indústria que soma 60 mil fusos e faz parte de um grupo ainda maior, que reúne outros 400 mil. A fiação é parte de um complexo, que produz, também, tecidos e roupas, e exporta para os Estados Unidos, Inglaterra, Argélia e Europa.

“No ano passado, compramos duas mil toneladas de algodão do Brasil, da safra 2020/2021. Agora, pretendemos comprar mais. A Índia produz muito algodão, mas a indústria indiana está crescendo e precisamos de mais pluma para atender a essa demanda”, afirma.

Qualidade e preço

Zekeriya Dogru é executivo de compras da empresa DNM Denin, da Turquia, com fábrica no Egito. No último ano, a indústria comprou 4,5 mil toneladas de algodão brasileiro para o mercado turco e, este ano, 100 toneladas, para o mercado egípcio. “O Brasil é uma das melhores opções para encontrar qualidade com preços bons. Após o que vimos, com certeza, vamos comprar mais e mais. Eu não sabia que os produtores de algodão e as unidades de beneficiamento daqui estavam nesse nível. Fiquei realmente impressionado”, diz.

Mentalidade

Já Shahwaiz Ahmed, que dirige a Indus Dyeing & Manufacturing, no Paquistão, destaca a constância e qualidade do algodão do Brasil. “Usamos o algodão brasileiro na produção de fios de alta qualidade. Duas coisas chamaram minha atenção, na primeira vez que visito o país, a logística massiva por trás das operações e a mentalidade do produtor. Eles são muito avançados e dedicados a melhorar continuamente a cada ano”, afirmou.

 Oportunidade de escuta

Para o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, o compromisso do produtor de algodão com o meio ambiente, o cuidado com o solo e as águas e, principalmente, o respeito com os colaboradores e com o produto que será entregue para o consumidor final, encantam os visitantes. Schenkel também destaca que a missão reforça a comunicação entre produtores e mercado.

“Podemos ouvi-los, pessoalmente, entender seus anseios e trabalhar para atendê-los, de acordo com as suas expectativas. Muito em breve, seremos os maiores exportadores mundiais, mas também queremos ser os melhores”, diz Schenkel, destacando que a parceria com a ApexBrasil e a Anea é fundamental para atingir essa meta.

Safra grande

A iminência de colher uma safra superior a três milhões de toneladas, que traz a reboque o desafio de exportar mais de 2,4 milhões de toneladas de pluma, na safra 2023/2024, na opinião do presidente da Anea, Miguel Faus, torna estratégica a Missão Compradores.

“As missões colaboram para que nossos clientes, lá fora, conheçam o nosso produto, se interessem e incrementem suas compras. Mais que nunca, nos tornamos vendedores de algodão, e precisamos ganhar ainda mais mercado para absorver a nossa produção”, afirma. Faus diz que estes visitantes já tinham consciência que o Brasil irá colher uma grande safra. “Parte desse algodão já está vendido, com, pelo menos, um ano de antecedência e outra terá que ser vendida nos próximos 12 meses, portanto, essas ações são fundamentais”.

Como e por quem

Júlio Busato, ex-presidente da Abrapa e da Abapa, foi um dos produtores da Bahia que receberam os visitantes em suas propriedades. “Nós mostramos como e por quem é produzido o nosso algodão. Com essa missão, a gente traz o comprador e mostra essa realidade ao vivo e em cores. Eles saem impressionados com o que veem. Estar aqui, conversar com os produtores e acompanhar o processo faz toda a diferença. Quando eles voltam para os seus países, contam o que viram. Faz-se uma propaganda boca a boca, que é muito eficaz”, pondera. Busato finaliza dizendo que “como produtor na Bahia, fico especialmente contente de receber essa missão em minha fazenda, e tenho orgulho de ter participado da construção dessa estratégia desde o início”.

Fonte:Imprensa Abrapa
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