Após um período com baixos índices de procura e adesão às campanhas de vacinação em Salvador, a população da cidade tem retornado aos postos de Saúde e salas de imunização. Entre os efeitos colaterais das medidas restritivas impostas na tentativa de frear a disseminação da Covid-19 na capital baiana, esteve a redução da procura por vacinas que protegem contra outras doenças. Mas com o relaxamento das medidas, a busca por imunização foi normalizada, comemora a subcoordenadora do setor de Doenças Imunopreveníveis da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Doiane Lemos.
"A gente percebeu que houve durante a campanha de Influenza um temor maior pelo fato de que estávamos com significativo número de casos, taxa de ocupação de leitos elevados, medidas restrititas intensificadas, no auge nas restrições. Percebemos que a população aderiu a esse movimento. À medida que as medidas foram sendo flexibilizadas, as pessoas têm voltado", comentou Doiane.
No mês de julho, em que foram registrados os índices mais graves da pandemia da Covid-19 na Bahia, a chefe do setor de imunização da SMS fez o alerta de que a baixa adesão às campanhas poderia comprometer o sistema de saúde no futuro. "Vacinamos pessoas saudáveis para que não adoeçam e não precisem utilizar o sistema de saúde. É preciso entender a relevância da vacinação", defendeu na ocasião. Na época acontecia a campanha da gripe, que havia sido iniciada em março e prorrogada duas vezes. Em Salvador, há uma semana do fim da mobilização, apenas 52% das crianças de 6 meses a 6 anos haviam sido imunizadas na capital baiana, o que acendou o alerta da SMS.
Atualmente a cidade possui três campanhas de vacinação em curso: contra poliomielite, sarampo e a multivacinação. A SMS realizou no último sábado (17) o Dia D das campanhas. A vacinação ocorreu entre 8h e 17h em 151 pontos de imunização espalhados por toda a cidade. Entre eles 138 postos fixos e 13 volantes, além de dois drive thru na Arena Fonte Nova e no Atakarejo de Fazenda Coutos.
As campanhas de multivacinação e da pólio têm como público alvo crianças e adolescentes. Elas foram iniciadas em 5 de outubro e até o momento mais de 9 mil já compareceram. Desse total, 6 mil precisaram receber alguma outra vacina, seja inicial ou algum complemento. "Essa campanha de multivacinação tem essa dinâmica de ser uma oportunidade de atualizar a situação vacinal", conta Doiane.
Em relação à mobilização para a prevenção ao sarampo, o foco é distribuir uma dose de campanha de forma indiscriminada para a população de 20 a 49 anos. "Mesmo que o indivíduo esteja com sua situação vacinal comprovada que está com as doses do esquema básico, ele deve receber essa dose de campanha", disse a subcoordenadora, que ainda explicou que o Ministério da Saúde estabelece campanhas de vacinação nesse molde com o objetivo de imunzar pessoas que não saibam se foram vacinadas, ou para aquelas que recebem a vacina e que não atingiram o nível esperado de proteção. Segundo Doiane essa "é uma possibilidade de corrigir falhas".
Dados do Ministério da Saúde mostram que, em meio à pandemia, o sarampo tem se espalhado silenciosamente. O Brasil registrou até junho deste ano 10.332 notificações de casos considerados suspeitos. A pasta informa que 21 estados estão com circulação ativa do vírus do sarampo. O Pará concentra a maior parcela de casos, 1.918 (47,7%), e maior incidência (39,7 por 100.000 habitantes).
Em 2019, após a confirmação de casos da doença, o Brasil perdeu o certificado de erradicação do sarampo que havia sido concedido ao país em 2016 pela Organização Pan Americana de Saúde (Opas), um braço da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O sarampo é uma doença infectocontagiosa transmitida por secreções como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse e é uma doença potencialmente grave. Em gestantes, pode provocar aborto ou parto prematuro. Os sintomas incluem manchas avermelhadas na pele que começam no rosto e progridem em direção aos pés, febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, perda do apetite, manchas brancas na parte interna das bochechas, otite, pneumonia e encefalite. A vacina é a forma mais eficaz de prevenir.