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Os baianos Ana Carvalho e José Rotondano tentam retornar de Portugal para o Brasil desde o fim de janeiro deste ano, porém, mesmo com passagens compradas, a viagem de volta para casa tem se mostrado quase impossível. Por conta do agravamento da pandemia do novo coronavírus, os voos entre o país europeu e o Brasil estão suspensos desde 29 de janeiro. Nesse período, o governo português chegou a autorizar, em caráter humanitário, um voo de repatriação de brasileiros pela companhia TAP, com bilhete só de vinda, mas as passagens chegaram a custar o equivalente a R$ 10 mil por pessoa. 

 

Os bilhetes adquiridos por Ana e José são da companhia brasileira Azul. Cada um pagou o equivalente a R$ 4.500 pela passagem e a partida já foi remarcada quatro vezes. A data inicial de deslocamento dos baianos era 28 de janeiro, porém o casal testou positivo para a Covid-19. Sem apresentar sintomas, os dois só descobriram que haviam sido infectados após realizarem o exame obrigatório em razão da viagem. Sem prever a impossibilidade da volta ao Brasil, dias antes o casal rompera o contrato de aluguel que possuía em Lisboa, onde residem, e Ana pediu demissão do trabalho. Ela trabalhava como confeiteira. Enquanto aguarda a situação ser resolvida, eles estão hospedados no apartamento de amigos.  

 

Ao Bahia Notícias, Ana afirmou que, por hora, as passagens estão remarcadas para o dia 22 de março, mas a expectativa é de que o decreto seja mais uma vez renovado por quinze dias, a partir de 16 de março, e a partida seja novamente adiada para depois da Páscoa. 

 

“Existe também a opção de ir [voltar] por rotas alternativas, passando por Espanha ou França, mas os preços também estão bastante elevados. Para nós que já temos passagens compradas não é viável”, explica Ana. Se decidissem pela via alternativa, Ana e José gastariam, somente em passagem, cerca de R$ 10 mil reais cada. “Podíamos pelo menos ter esse dinheiro [ das passagens já adquiridas] de volta para comprar novas passagens em outras companhias, mas a empresa tem até 12 meses para devolver o dinheiro”, acrescenta Ana. 

 

Ela estima que para resolver a situação com brevidade seria necessário intervenção do governo brasileiro. Em 2020, nos primeiros meses da pandemia, o governo chegou a custear a repatriação de brasileiros, mas a política foi finalizada em pouco tempo. 

 

“O governo deveria mandar voos humanitários para a repatriação dos brasileiros que se acham impedidos de regressar, assim como fez ano passado quando mandou sucessivos aviões. Não entendemos por que isso não foi feito. É um completo descaso. Existem pessoas em situações muito mais graves que a nossa, que já não é confortável. Há gente na rua com os filhos. É lamentável. Estamos em grupos de whatsapp com centenas de brasileiros, grupos formados na tentativa viabilizar o retorno, mas o Estado brasileiro permanece inerte”, desabafa a baiana.

 

Na noite desta quarta-feira (10), o site português Público afirmou que as companhias brasileiras Latam e Azul foram informadas pelo governo local da autorização para operar um voo extraordinário para Portugal. No entanto, nenhuma das duas, até então, encaminharam o pedido para a realização do voo e a marcação de datas. 

Fonte:Bahia Notícias
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