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A prefeitura de Salvador e a Universidade Federal da Bahia (Ufba) firmaram um acordo de cooperação técnico-científica e cultural para formatar um estudo dos impactos da pandemia da Covid-19 entre o 5º e 9º anos do ensino fundamental em 2020 e 2021.

 

A informação consta na edição da última quinta-feira (11) do Diário Oficial do Município. Contudo, o acordo foi assinado no dia 26 de fevereiro entre o reitor da universidade, João Carlos Salles, e subsecretária de Educação da capital (Smed), Rafaella Cedreira.

 

Segundo o titular da Educação soteropolitana, Marcelo Oliveira, o estudo terá início assim que os alunos da rede municipal de ensino voltarem às aulas presenciais. Eles serão avaliados por um corpo técnico multidisciplinar da Ufba, que envolve médicos, economistas, matemáticos e membros de outras áreas de pesquisa do centro de ensino. Segundo Oliveira, o ensino fundamental da rede pública de Salvador tem 18 mil estudantes.

 

O objetivo principal é avaliar os impactos da retomada das aulas na incidência de novos casos de Covid-19 no município, e mensurar os efeitos sobre o desempenho dos alunos, e o eventual aumento da taxa de evasão, que, na visão dele, deve crescer.

 

“A grande apreensão, que vem mantendo as escolas fechadas, é a suspeita de que o retorno às aulas, com os alunos aglomerando na escola, e aumentando o fluxo no transporte público, possa aumentar a taxa de contaminação da Covid-19”, explica o secretário, em entrevista ao Bahia Notícias.

 

De acordo com o gestor, um dos efeitos que mais preocupa os especialistas, que é o aumento do fluxo de pessoas no sistema de transporte público, não deve acontecer em Salvador por conta do retorno das atividades na rede municipal de ensino. “No caso de Salvador, como a rede é muito capilarizada, a utilização do serviço de transporte pelos alunos é muito pequena”, aponta.

 

E QUANDO VOLTAM AS AULAS?
Segundo Oliveira, não há como estipular uma data para o retorno das atividades escolares no município. O intuito da prefeitura era que isto acontecesse em março. Contudo, com o aumento vertiginoso do número de casos do novo coronavírus na cidade, o plano precisou ser suspenso.  

 

“Com o recrudescimento da curva de contaminação, que deixou todo mundo receoso por conta desta segunda onda que está sendo muito mais severa, a gente suspendeu e não tem uma data exata para retomar. O que esperamos é que esta segunda onda passe com estas medidas que o prefeito vem tomando”, torce.

 

IMPACTOS SENTIDOS ATÉ O MOMENTO
Mesmo sem o resultado do estudo realizado em parceria com a Ufba, já é possível sentenciar que os alunos terão aumento considerável na carga horária para os próximos meses. 

 

“Vai ser um ano muito pesado para os alunos. Daí a minha insistência de voltar às aulas com a maior rapidez possível, porque vamos ter que fazer o ensino presencial e manter também o ensino remoto, no que chamamos de ensino híbrido, porque a carga neste ano de 2021 quase que vai dobrar em relação a um ano normal”, adverte.

 

Em cada ano letivo, é necessário o cumprimento de 800 horas. Por conta da pandemia, somente 108 horas foram concluídas em 2020. Portanto, os alunos terão que assistir a mais 692 horas de aulas restantes do ano passado, somadas com mais 800 horas de 2021. 

 

“Embora tenhamos feito algumas inciativas, como distribuição de chips e aulas pela TV, como não houve uma adesão massiva na execução destes projetos àquela época, não computamos como horas letivas estas aulas que foram feitas remotamente em 2020”, lamenta.

 

As aulas presenciais em Salvador estão suspensas desde o dia 16 de março do último ano. À época, a medida foi tomada pelo então prefeito ACM Neto (DEM), para frear a disseminação da Covid-19 na cidade.

 

Desde então, as escolas, cursos e faculdades particulares aplicam o ensino remoto. Na rede pública municipal, a prefeitura iniciou em junho a transmissão de atividades na TV Aratu – estas atividades, como já citado por Marcelo Oliveira, não compuseram as horas obrigatórias para o ano letivo de 2020. No momento, as aulas seguem sendo transmitidas na Aratu, e também passaram a ser veiculadas na TV Câmara.

 

No último mês, às vésperas do início do pior momento da pandemia no Brasil, grupos de pais e donos de escolas pressionaram para que o prefeito Bruno Reis (DEM) reabrisse as escolas. Alguns deles, inclusive, chegaram a protestar em frente à casa do democrata.

 

Também no final de fevereiro, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou um estudo em que colocava Salvador como capital do país mais bem avaliada em relação aos protocolos de ensino à distância na rede pública entre março e outubro de 2020. A Bahia, por outro lado, ficou na última colocação por não ter divulgado nenhum planejamento. Dois dias após a publicação da análise, o governo do estado anunciou o início das atividades remotas em território baiano, que têm início marcado para esta segunda-feira (15).

Fonte:Bahia Notícias
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