A executiva nacional do Cidadania decidiu nesta segunda-feira (12) convidar o senador Jorge Kajuru (GO) a se retirar do partido; caso contrário, será aberto um processo de expulsão dele da legenda. O partido considerou que Kajuru agiu como alguém “subserviente” ao presidente Jair Bolsonaro na conversa que os dois mantiveram no último sábado (10) e que foi gravada e divulgada pelo parlamentar em suas redes sociais.
Na ocasião, Bolsonaro orientou o senador a operar para direcionar os trabalhos da CPI da Covid de forma que as investigações não o prejudiquem, além de orquestrar ataques coordenados ao Supremo. Kajuru não contesta as orientações do presidente. Ao contrário, concorda com todas elas.
Segundo o Estadão apurou, o partido optou por primeiro convidar o senador a se retirar, por entender que é possível evitar maiores constrangimentos nesse processo. Além disso, um processo de expulsão é bem mais demorado porque envolve passar pelo conselho de ética da legenda.
Interlocutores da legenda dizem que essa decisão já poderia ser tomada há mais tempo, uma vez que o Cidadania faz a oposição a Bolsonaro, e Kajuru se comporta como um aliado. Mas que agora o “copo encheu”.
O fato de Kajuru ter gravado o telefonema não foi considerado pelos integrantes da executiva como agravante, mas sim o teor da conversa com Bolsonaro. Para o Cidadania, Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao tentar interferir nos trabalhos de uma CPI.
DESFILIÇÃO
Kajuru afirmou que já tinha entrado com um pedido de desfiliação no começo desta segunda-feira, antes de o partido decidir convidá-lo a sair. O senador disse que não tinha feito isso antes por conta dos colegas de bancada Alessandro Vieira (SE) e Eliziane Gama (MA). O goiano pretende filiar-se ao Podemos.
– Eu segurei até agora [isso] em consideração e respeito ao Alessandro, à Eliziane e ao Roberto Freire. Gosto do Roberto Freire (presidente da sigla). Agora não sou obrigado a concordar com ele em tudo que ele quer – justificou.
O congressista negou ter proximidade com Bolsonaro.
– Não tenho nada com ele. Nunca fui à casa dele. Não tem uma foto minha com ele em lugar público, almoço, nada. Nem com ele, nem com o filho dele. Não tenho relação nenhuma com eles. Minha relação é republicana – apontou.