Apesar de o navio Ever Given ter sido desencalhado do Canal de Suez há quase um mês, a sua a tripulação continua presa na embarcação e poderá seguir assim por anos. Envoltos em um conflito de interesses multimilionário, os 25 marinheiros foram proibidos de deixar o navio pelas autoridades da rota comercial, que exigem o pagamento de quase 1 bilhão de dólares para compensar os danos econômicos do encalhe.
O imbróglio envolve inúmeros países, já que o navio possui bandeira panamenha, é operado por empresa alemã, é composto por equipe indiana e é de propriedade de uma corporação japonesa. Dessa forma, especialistas afirmam que pode ser necessário anos até que a resolução do conflito judicial entre as empresas, seguradoras e agências governamentais seja solucionado.
Atualmente, o navio permanece no Grande Lago Amargo, no sistema do Canal de Suez, e é considerado pela proprietária Evergreen como “confiscado”.
No início, o encalhe foi atribuído a condições meteorológicas desfavoráveis, mas a competência da equipe passou a ser questionada. Até o momento, ninguém foi acusado formalmente pelo ocorrido.
Segundo o sindicato Indian Boaters’ Union, que representa o Ever Given, os marinheiros se sentem “ansiosos com a incerteza da situação”. Mesmo assim, eles se encontram de “bom humor”, segundo a Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF), que pôde visitá-los no barco.
O Ever Given encalhou de 23 a 29 de março, bloqueando uma das principais rotas comerciais do mundo e causando grande congestionamento marítimo. Construído em 2015, ele é um dos maiores cargueiros do mundo. Possui 400 metros de comprimento, pesa 219 mil toneladas e é capaz de transportar até 20 mil contêineres de 6 metros.