O ministro da Educação Milton Ribeiro criticou, durante uma aula magna na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a educação infantil no Brasil. Segundo ele, crianças sabem “colocar uma camisinha”, mas “não sabem ler”.
– Crianças com 9, 10 anos não sabem ler, sabem tudo, com todo respeito às senhoras aqui presentes, sabem até colocar uma camisinha, mas não sabe que ‘b’ mais ‘a’ é ‘ba’, está na hora de dar um basta nisso – disse o ministro.
Ribeiro ainda se classificou como um “radical” quando o assunto é a exclusão de temas como gênero e diversidade sexual dos materiais didáticos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), entregues aos alunos do ensino fundamental.
– Onde já se viu começar a discutir esses assuntos com crianças de 6 a 10 anos… Respeito a orientação de todos, mas a gente não tem o dever e o direito de violar a inocência de uma criança trazendo questões como “se você quiser ser homem é homem, se quiser ser mulher é mulher” – criticou.
POLÊMICA COM A PRESIDENTE CAPES
O deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP) expôs em suas redes sociais o perfil “esquerdista” da nova presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), a advogada Claudia Mansani Queda de Toledo, nomeada recentemente pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro.
Em uma série de tuítes, o parlamentar revelou que Claudia defende a ideologia de gênero nas escolas, o feminismo e as pautas de Paulo Freire, a quem ela chamou de “gênio”.
– A doutora Claudia de Toledo, que agora será responsável pela formação de todos os professores universitários do Brasil, chama Paulo Freire de gênio, defende o ensino da ideologia de gênero, do feminismo e da pauta LGBT nas escolas e ainda ataca o presidente Bolsonaro, chamando-o veladamente de totalitário e de falso messias – afirma o parlamentar.
As acusações de Feliciano são embasadas em trabalhos acadêmicos de Claudia. Em um dos textos, a advogada fala, por exemplo, que “isso não deixa dúvida de que somos seres em constante e ininterrupta construção ou, nas palavras do gênio simples de Paulo Freire, ‘seres em estado de transição’”.
– A dificuldade que vem sendo imposta nas pessoas, em especial as menos favorecidas, acaba por criar um efeito anestésico social, isto é, diante da busca incessante da [minha] felicidade, o outro perde valor, importância e dignidade, e, com o passar do tempo, torna-se o inimigo a ser combatido, permitindo, o renascimento de regimes totalitários, capitaneados por novos [pseudos] messias – escreveu ela em um de seus textos, fazendo referência a um “messias”, em uma possível alusão ao presidente Jair Bolsonaro.
Marco Feliciano disse ainda que cobrou explicações do ministro da Educação.
– Pedi explicações do ministro Milton Ribeiro sobre a nomeação da Dra Claudia de Toledo para a CAPES. Ela defende Paulo Freire e o ensino da ideologia de gênero nas escolas! Isso é contra tudo o que lutamos! Ele desconversou! – contou o parlamentar.
Feliciano afirma que “se isso [a nomeação] ocorresse em um governo petista, acharia natural. Mas vindo de um governo que se elegeu combatendo isso tudo, se torna inaceitável”.
– Pastores do Brasil inteiro estão me ligando e me enviando mensagens cobrando um posicionamento duro – completou.
Diante disso, o deputado decidiu protestar e entregar seu cargo como vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, caso Claudia não seja exonerada.
– Não sou ministro da Educação e tampouco presidente da República, então como não tenho o poder de exonerar ninguém, o que eu posso fazer é protestar! […] Se o governo não reavaliar essa nomeação, e esta senhora continuar, entregarei o meu cargo de vice-líder do governo, pois não terei como explicar a todos os que estão me pedindo uma explicação sobre esta nomeação estranha. E quero crer o ministro da Educação sabia do passado dela e faz o presidente passar esse vexame tem que, no mínimo, ser repreendido. E só para que saibam, apoiei em primeira mão a indicação do ministro Milton e, por isso, o procurei sobre esse assunto, e ele simplesmente desconversou – segue Feliciano.
Ainda segundo o deputado, este tipo de “escolha” dentro do governo, abre margem para o retorno do PT ao poder.
– É essa desorganização, esse amadorismo, que está fazendo o fantasma do PT voltar. Lamento ver meu amigo Bolsonaro passar repetidamente por estas saias justas por pura incompetência de alguns que o cercam – escreveu.
Além de Ribeiro, Claudia Queda tem o apoio do advogado-geral da União, André Mendonça, e do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.