O ex-presidente do governo da Espanha, Felipe González, disse nesta quarta-feira (19), em entrevista no canal de notícias internacional NTN24, que a Venezuela é um “Estado falido” e que o presidente Nicolás Maduro “tem pouca capacidade”, com um governo “ilegítimo”.
– Não controla seu próprio território e depredou o país. Liquidou tudo, não apenas a liberdade de imprensa ou as liberdades públicas. Liquidou a autonomia e a capacidade de agir – disse o político que chefiou o governo espanhol de dezembro de 1982 a maio de 1996.
González alegou uma incapacidade do presidente venezuelano de “recuperar iniciativas que não estejam com um certo nível de bastardização”. Ele acusou Maduro de estar “envolvido com dissidentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que estão, ao mesmo tempo, em desacordo uns com os outros”.
Segundo o ex-presidente do governo da Espanha, alguns desses dissidentes “se rebelaram” contra a Venezuela, dando origem a um conflito armado no estado de Apure, na fronteira com a Colômbia, que vem se desenrolando na região desde 21 de março, com saldo de um número indeterminado de mortos e várias pessoas desaparecidas.
Maduro decidiu, de acordo com González, não enfrentar esses guerrilheiros, por isto, “neste momento, há soldados venezuelanos nas mãos destes grupos dissidentes, e muitos deles morreram, muitos civis foram deslocados”.
APELO À COMUNIDADE INTERNACIONAL
– Gostaria que a comunidade internacional que tem interesse na restauração da democracia venezuelana agisse em coordenação com um denominador comum que todos dizem aceitar: a restauração da liberdade e da democracia, além da ajuda humanitária e sanitária urgente – afirmou o espanhol.
Os Estados Unidos e a União Europeia, além de vários outros países, “consideraram ilegítima a eleição convocada para que Maduro tivesse outro mandato, consideraram ilegítima a eleição do Parlamento”, acrescentou.
González também criticou o funcionamento do Tribunal Supremo de Justiça venezuelano (TSJ), que, segundo ele, “não toma decisões com base na lei”, mas na política partidária.
O político pediu à comunidade internacional para não cair “na armadilha do regime” de tentar legitimar-se com “eleições regionais, que devem ocorrer, mas se esquecendo de um mandato ilegítimo das eleições presidenciais e parlamentares”, porque isso é “legitimar a ditadura”.
Quanto à derrubada das sanções internacionais, González disse que concorda, desde que se refiram ao país como um todo, e que as consequências “estão sendo pagas pelos cidadãos e que servem para o governo justificar sua gestão”.
Entretanto, ele não aprova a remoção de sanções pessoais, pois considera que servem para punir dirigentes venezuelanos por “violação dos direitos humanos, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, aproveitamento dos recursos do país para se enriquecerem, entre outros crimes”.
*EFE