A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) admitiu erros no seu governo, em especial a aliança feita para garantir o segundo mandato, numa referência com o PMDB do vice e presidente interino Michel Temer. "Acho que o erro mais óbvio que cometi foi a aliança que fiz para levar a Presidência no segundo mandato com pessoa que explicitamente tomou atitudes de traição e usurpação. Óbvio que não é questão pessoal. Errei ao fazer aliança com esse grupo político", declarou a presidente, em entrevista Mário Kértesz, na Rádio Metrópole, na manhã desta terça-feira (28).
Pensando nisso, a presidente aposta que o Brasil precisa de uma "nova iniciativa" para refundar a política no país, inclusive porque as pessoas não se sentem representadas. "É sensação de mal estar em relação aos políticos, o que é grae, porque não se pode confundir política com políticos", acrescentou. Na entrevista, a presidente repetiu o discurso adotado em suas aparições públicas, como o vazamento seletivo e uso político das ferramentas de combate à corrupção; a crítica à pauta conservadora e ansiosa pela retirada dos direitos da população menos favorecida; e a analogia aos parasitas em árvores para ilustrar a característica do golpe. "Esse segundo golpe não é igual ao primeiro.
O que me acusam a própria perícia do Senado mostra que não é algo que se sustente. A imprensa internacional ajudou muito a caracterizar como golpe. Se caracterizqa como golpe parlamentar porque, no caso do Brasil, as condições para que isso tenha ocorrido, ainda que parcialmente, deixamos claro que é como se tivéssemos ataque de parasitas na árvore da democracia", explicou. Quanto à tramitação do processo de impeachment no Senado, a presidente Dilma garantiu que está dedicada a passar por esta fase e vê sua volta como condição para manutenção da democracia no Brasil. "Tive 54,5 milhões de votos. Mas tem a segunda questão da governabilidade. Tem que fazer composição de direitos e criar caminho para que se estabeleça a verdadeira democracia", analisou.