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Carminha Maria Gatto Missio, de 65 anos, foi a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB). Conheça.

A agricultora Carminha Maria Gatto Missio, de 65 anos, primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB) está na lista das 100 Mulheres Poderosas do Agro da Forbes Brasil.

Gaúcha de nascimento, mas baiana de coração, Carminha mora em Luís Eduardo Magalhães, cidade do oeste da Bahia. Formada em direito, ela já trabalhou como costureira e artista plástica, mas hoje, ela vive no universo da agricultura.

"Não atuo como advogada, mas fiz uma especialização em direito do trabalho, depois fiz um MBA em Gestão do Agronegócio e sempre tentando ser assertiva no que diz respeito a sustentabilidade da produção rural e do alimento", conta.

Casada, mãe de três filhos, Carminha Maria Gatto revelou, em entrevista ao g1, ter sido uma surpresa o reconhecimento na lista das 100 Mulheres Poderosas do Agro da Forbes Brasil, na última sexta-feira (15) e aconselha que as pessoas não tenham medo de buscar seus objetivos.

"Toda atividade, seja ela inerente a homem ou a mulher, não tenha medo, é possível. A gente precisa se desafiar, se preparar através de conhecimento e qualificação", destaca.

Carminha Missio também reforça que "nenhuma mulher é menos que um homem na mesma profissão, na mesma atividade".

Conforme defende, intelectualmente homens e mulheres têm a mesma capacidade, discernimento e competência para os mesmos cargos.

Sonho de produzir



Carminha também falou sobre o caminho que percorreu para ser a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente da FAEB e se destacar na produção de cimento, soja, feijão, arroz, milho, entre outros alimentos.

A relação intensa com o oeste da Bahia é desde a década de 80, mas ela só passou a morar em Luís Eduardo Magalhães em 2005, após se formar em direito, no Mato Grosso do Sul.

A família, de origem italiana, morava no município de Espumoso, no Rio Grande do Sul. Em 1985, parte dos familiares foi até Luís Eduardo Magalhães, em busca de terras maiores para produzir grãos e assim melhorar a situação financeira.

Na década de 80, conforme relata, a agricultura era pouco explorada no oeste da Bahia. A família decidiu pela mudança de estado, mesmo sem saber como funcionava o período de chuva e como trabalhar no solo arenoso, diferente do trabalhado no Rio Grande do Sul.

“Nós que somos agricultores, precisamos estar em parceria com a natureza. Não é possível produzir alimentos sem isso e não é preciso ser grande”, diz.

"Eu costumo dizer que todos nós precisamos um dos outros. O médico precisa do maiorzinho e cada um vai se estruturando. Agora é preciso se estruturar, se desafiar, ter vontade e determinação”, opina.



Na cidade de Espumoso, Carminha Missio foi criada pelos pais com mais nove irmãos. A agricultora sempre teve desejo de seguir com o trabalho da família, mas não tinha como se desenvolver na região.

"Em Espumoso, naquela época, não tinha muitas opções de estudo. Eu estudei até a 4ª série e depois fiz um curso de gestão familiar, onde aprendi como gerir um pouco a produção", relatou.

A advogada só terminou o ensino médio com 45 anos, depois que fez um supletivo de três meses. Antes disso, trabalhou como costureira e artista plástica.

"Quando meus filhos ficaram adolescentes, eu resolvi que também iria alcançar o segundo grau e fazer uma faculdade”, disse a agricultora.

Depois, ela se formou em direito, com o desafio de conciliar com outros compromissos como dirigir a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), no Mato Grosso do Sul.

"Fiz a faculdade de direito, nunca precisei de recuperação [na faculdade], apesar de dirigir uma APAE, um grupo de escoteiros, mexendo com intercambio de jovens, tudo ao mesmo tempo e auxiliando meu marido”, recorda Carminha.

Impactos da pandemia e recuperação


Mesmo com a produção forte de grãos no oeste do estado, Carminha Missio conta que sofreu impactos da pandemia da Covid-19, que também trouxe dificuldades para os agricultores da região.

Conforme relata, a crise econômica encareceu os preços da matéria-prima usada pelos produtores de grãos e sementes.

“A pandemia judiou bastante, encareceu muito os fertilizantes, os produtos químicos, é isso não tem jeito. Isso vai se refletir na cesta básica”, avaliou.

No entanto, mesmo com a perspectiva de aumento nos preços dos produtos nas prateleiras dos mercados, a produção tem começado a mostrar sinais de recuperação.

"Tem períodos que contratam mais mão de obra e os períodos mais tranquilos, com um quadro de empregadores menor. Hoje a região oeste da Bahia está iniciando plantio, começando período da chuva, então está todo mundo contratando gente", revela.

Sobre o impacto da produção de comida no Brasil, ela diz: "Eu posso garantir, que apesar da pandemia, o Brasil é um dos poucos países que, embora com preço não tão acessível, não vai faltar comida. Poderá faltar dinheiro, mas comida, o Brasil tem condição de continuar produzindo".

Fonte:G1/BA
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