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Nov / 2021 |
Após tentar por 27 vezes, vendedor ambulante passa em concurso da Polícia Militar da Bahia |
O vendedor de água mineral, Daniel Santos Oliveira, de 27 anos, não conteve a emoção ao saber que foi aprovado no concurso público da Polícia Militar da Bahia. A vitória veio após 27 tentativas e cerca de cinco anos de estudos intensos.
Daniel começou a vender água mineral há cerca de sete anos, quando ficou desempregado. O dinheiro conquistado com as seis horas de vendas diárias no semáforo da Avenida Artêmia Pires, no bairro do SIM, era usado para pagar o cursinho preparatório do exame.
A rotina puxada de trabalho, cursinho e estudos em casa ainda foi marcada por tentativas frustradas: Daniel chegou a passar em Engenharia Civil, na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), mas a carga horária não deixava tempo livre para o trabalho.
"Ou eu cursava engenharia civil e passava fome ou seguia trabalhando e estudando para concurso público. Eu preferi continuar estudando para o concurso público", afirmou.
Além disso, o estudante "bateu na trave" da convocação em sete dos 27 concursos prestados durante cinco anos. Além disso, o vendedor até foi aprovado duas vezes em concursos da PM em São Paulo, mas a nomeação não foi consolidada.
Só lá em São Paulo ele chegou a ir 14 vezes ao Batalhão para cumprir outras etapas. A cada dia ele recebia uma pulseira, e todas estão guardadas de lembrança, o símbolo da persistência.
Apenas em 2019, o jovem foi aprovado no concurso da PM da Bahia, mas ainda foi necessário esperar mais de um ano para de fato comemorar. Há cerca de uma semana, Daniel foi aprovado no teste de aptidão física (TAF) e venceu todas as etapas para a nomeação.
Um vídeo circula nas redes sociais com as imagens de Daniel quando recebeu o resultado. Ele foi gravado há uma semana e mostra a felicidade do vendedor com a conquista do sonho tão esperado.
"Praticamente todos que estudavam comigo passaram nesse concurso da Polícia Militar do estado da Bahia. Queriam ser policiais militares independentemente onde fosse o estado. Nós queríamos defender a sociedade brasileira, nem que fosse São Paulo, Minas", disse.
Para o estudante, a vitória só seria melhor se pudesse comemorar com a mãe, Alcione Almeida Santos. Aos 42 anos, a mãe de Daniel morreu, um dia depois dele saber que o concurso tinha sido homologado e ele seria chamado.
"Eu estava no hospital com minha mãe, foi o último dia que estive com ela. E era um dia que eu achei que seria o dia mais feliz da minha vida, mas infelizmente foi o dia mais triste porque eu vi a minha mãe sendo conduzida para a sala vermelha, só que infelizmente ela não resistiu ao lúpus", contou aos prantos.