A pandemia de coronavírus levou pelo menos 100 milhões de crianças à pobreza, de acordo com um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado nesta quinta-feira (9). O número representa um aumento de 10% em relação a 2019. A entidade afirma que esta é "a maior ameaça (às crianças) em seus 75 anos de história".
Aumentaram os números de menores de idade com fome, fora da escola, abusados, vivendo na pobreza e obrigados a se casar forçadamente, diz a organização no relatório "Prevenir uma década perdida: Ação urgente para reverter o impacto devastador da Covid-19 em menores e jovens".
Além disso, também diminuíram os números de menores com acesso ao atendimento de saúde, às vacinas e aos serviços essenciais.
"Em um ano em que deveríamos olhar para frente, nós estamos retrocedendo", disse Henrietta Fore, diretora da Unicef.
Veja alguns dados do relatório:
Antes da pandemia, um bilhão de crianças em todo o mundo sofriam necessidades extremas e não tinham acesso a educação, saúde, moradia, saneamento básico ou água.
De acordo com a Unicef, as disparidades entre menores de idade ricos e pobres aumentaram. O número de crianças obrigadas a trabalhar chega a 160 milhões no mundo, 8,4 milhões a mais que nos últimos quatro anos, e outras 9 milhões podem entrar para a lista até o fim de 2022 devido à pobreza provocada pelo coronavírus.
Ao menos 9 milhões de crianças podem ser adicionadas até o final do próximo ano ao grupo de 50 milhões de que já sofrem a forma de desnutrição mais grave, também por causa da Covid-19.
Além disso, 426 milhões de crianças, o que representa uma a cada cinco, vivem em zonas de conflito. As mulheres e as meninas são vítimas de violência sexual.
O impacto da mudança climática também afeta os menores de idade.
Na melhor das hipóteses, para alcançar os níveis de pobreza infantil pré-pandemia levará "sete ou oito anos", disse Fore.