Mais de duas semanas depois dos temporais castigarem o sul e o sudoeste da Bahia, alguns municípios ainda convivem com efeitos dos alagamentos.
Em Carinhanha, no sudoeste da Bahia, o Rio São Francisco está 7,5 metros acima do normal para essa época do ano. A cheia inundou plantações, deixou quase mil moradores ilhados e estradas bloqueadas. Mais de 9 mil pessoas foram atingidas, mais de 90 estão desabrigadas ou desalojadas.
“A gente fica com medo de entrar, a água tornar a entrar novamente na casa. Então não tem como a gente ficar”, diz a comerciante Vanusia Sena de Almeida diante do quintal todo alagado.
Mais de 60% da população de Carinhanha mora na zona rural do município, e essas comunidades foram as mais atingidas. Dezesseis delas estão alagadas e a maioria das estradas está danificada.
“O volume de estrago é incalculável. A gente ainda não tem como fazer isso, porque o município é muito grande. Nós temos mas de 83 comunidades que estão isoladas. Só uma delas não está isolada. Todas as outras têm problema com as enchentes”, afirma a prefeita de Carinhanha, Francisca Alves.
A plantação do agricultor Deomídio Araújo está debaixo d'água. Ele perdeu tudo.
“Toda essa área nossa que você rodar aqui é só água, lama, lama água. Não ficou nada. A gente não tinha costume com esse nível de água aqui, subiu demais, apodreceu tudo”, lamenta o produtor rural.
Nesta semana, o governo da Bahia reconheceu o decreto de situação emergência do município de Carinhanha. Há quatro dias não chove na região, mas a água não baixa. A superintendência de Defesa Civil do estado monitora as cidades margeadas pelo Rio São Francisco. Dezessete delas estão em alerta.
“É importantíssimo o plano emergencial ser feito e, independente disso, os sinais de alerta, a população precisa ser avisada", alerta o coronel Miguel Filho, superintendente da Defesa Civil da Bahia.
Em Remanso, norte baiano, a cheia do Rio São Francisco em maior intensidade e fora de época pegou os agricultores de surpresa.
“O rio chegou rápido demais, aí não deu tempo da gente colher. É tristeza mesmo. Era para gente colher para comer, para vender se sobrasse algum pouco e acabei perdendo tudo”, conta o agricultor Claudio Alves do Nascimento.