Depois de furar o teto da meta no ano passado, a inflação oficial perdeu ritmo e abriu 2023 com alta de 0,53% em janeiro, ante variação de 0,62% apurada no mês anterior. O avanço foi puxado pelos preços dos alimentos (+0,59%) e dos combustíveis (+0,68%), segundo dados revelados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com a desaceleração, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumula elevação de 5,77% nos últimos 12 meses. O percentual mantém a queda da taxa iniciada em abril do ano passado e corresponde à menor variação para o período desde fevereiro de 2021, quando o índice anual era de 5,2%.
A meta de inflação estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para este ano é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (de 1,75% para 4,75%). O mercado financeiro prevê o terceiro estouro consecutivo do teto da meta, mas o BC (Banco Central) tenta agir com a manutenção dos juros no maior patamar desde 2017.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, avalia que os preços seguem uma trajetória ainda lenta de desaceleração. "Na nossa visão, a inflação deve continuar desacelerando a passos lentos, principalmente em função de serviços, que sofrem com a inércia inflacionária. Além disso, o aumento da massa salarial disponível para o consumo deve manter a demanda do segmento elevada", afirma.
Alimentos
Em janeiro, a alta foi impulsionada pelos preços dos grupos de alimentação e bebidas (+0,59%), com grande influência da batata-inglesa (+14,14%) e da cenoura (+17,55%). Para Pedro Kislanov, gerente da pesquisa, os avanços são justificados pela grande quantidade de chuva nas regiões produtoras.
Por outro lado, houve queda de 22,68% no preço da cebola, por conta da maior oferta vinda das regiões Nordeste e Sul. No ano passado, o item acumulou alta de mais de 130%. Também apresentaram variações negativas os preços do frango em pedaços (-1,63%) e das carnes (-0,47%).
Na alimentação fora do domicílio (0,57%), a maior contribuição foi do lanche (+1,04%). A refeição, por sua vez, teve alta de 0,38%, acima do mês anterior (+0,19%). Os preços de refrigerantes e água mineral (+0,81%) e da cerveja (+0,43%) também subiram.
O segundo maior impacto da inflação no mês partiu do ramo de transportes (+0,55%), puxado pela alta dos combustíveis (6,8%). Os destaques para a variação foram a gasolina (+0,83%) e o emplacamento e licença, que incorporou pela primeira vez a fração referente ao IPVA de 2023 (+1,6%).
Além da gasolina, o etanol ficou mais caro (+0,72%). Na contramão, os preços do óleo diesel (-1,4%) e do gás veicular (-0,85%) apresentaram queda em janeiro.
O grupo habitação registrou alta de 0,33%, com destaque para a taxa de água e esgoto (+1,44%), por conta dos reajustes ocorridos em três áreas: Belo Horizonte (+12,73%): reajuste de 14,62%, a partir de 1º de janeiro; Brasília (+8,29%): reajuste de 9,51%, vigente desde 1º de janeiro; e Campo Grande (+5,56%): reajuste de 6,89%, em vigor desde 3 de janeiro.