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Fornecedores da companhia espanhola Abengoa, insatisfeitos com o descaso e com o silêncio da empresa quanto ao pagamento dos serviços prestados por empresas e prestadores de serviços de Goiás, Tocantins, Piauí e Bahia, desde maio de 2015, resolveram na manhã de hoje, 08, bloquear parte da BR 242, em frente a sede da empresa, saída para Salvador, no município de Barreiras, Oeste da Bahia.

A estimativa é que na região mais de 200 fornecedores diretos tem um ativo superior a R$ 70 milhões a receber da Abengoa. Com o calote que se apresenta, empresas de médio e pequeno porte estão fechando as portas e enfrentando uma enxurrada de ações trabalhistas, e isso tem refletido indiretamente em outros setores da economia de diversas cidades do Oeste da Bahia, uma vez que muitos fornecedores compravam seus insumos no comércio regional. É simples, se eles não recebem da Abengoa, não têm como pagar suas dívidas.

De acordo com Fabrício Lacerda, empresário da FLacerda Ltda, empresa instalada no Setor de Indústria de Barreiras, os mais de 200 fornecedores do Oeste da Bahia estão sem contato com a diretoria da Abengoa desde o dia 26 de novembro de 2015, data em que a empresa suspendeu todos os pagamentos, fechou as portas na região e abandonou os fornecedores. “No processo de recuperação judicial a empresa alega um passivo aproximado de R$ 3 bilhões, mas sabemos que o valor está subestimado, pois somente a FLacerda tem mais de R$ 700 mil a receber e no processo de recuperação judicial consta apenas R$ 200 mil”, afirma o empresário que foi um dos responsáveis por fornecer os pré-moldados para construção das torres de energia. O mesmo vale para outras empresas, algumas delas com mais de R$ 1 milhão por receber e na recuperação judicial consta um pouco mais de R$ 300 mil.

Fabrício Lacerda alega que a paralisação de hoje tem por intuito alertar o Governo Federal para a situação dos fornecedores da Abengoa na região. “Nós percebemos que o Governo Federal tem se preocupado apenas em achar uma empresa que possa dar continuidade ao contrato da Abengoa, e em nenhum momento buscado alternativas para sanar os débitos dos fornecedores que têm enfrentado sérias dificuldades em manter suas empresas em funcionamento. Além de não solucionar o problema, o Governo Federal, através do Fisco, tem multado e cobrado juros dos empresários que estão com os impostos atrasados devido a inadimplência da Abengoa”, reclama o fornecedor, que foi escolhido pelos demais manifestantes para falar em nome do grupo.

Enquanto os fornecedores da Abengoa na região Nordeste estão relegados a própria sorte, sem contar com o apoio do Governo Federal e ignorados pela empresa, os executivos da Abengoa fizeram uma exposição aos agentes financeiros de como pretendem superar os problemas nas usinas São Luiz e São João, localizadas respectivamente em Pirassununga e São João da Boa Vista, Estado de São Paulo, visando solidificar seu plano de reestruturação de dívidas e diminuir os problemas financeiros que desde o final do ano passado afetam a empresa e os fornecedores daquele estado.

Nessa reunião ficou acertado que os próximos passos serão reuniões bilaterais com cada instituição financeira para discutir e esclarecer cada ponto do Plano de Viabilidade da Abengoa Bioenergia Brasil, relativa apenas as usinas São Luiz e São João.

Segundo publicado na renomada revista Exame em novembro de 2015, o caso da Abengoa é um exemplo extremo de uma companhia espanhola que cresceu impulsionada no endividamento, durante os anos de boom econômico do país, mas agora enfrenta dificuldades para avançar. A empresa é uma das maiores construtoras do mundo de linhas de transmissão que transportam energia pela América Latina e também importante no setor de engenharia e construção, com grandes usinas de energia renovável em lugares que vão do Kansas ao Reino Unido.

A primeira rodada de negociações da Abengoa com seus credores começou após a companhia de investimentos espanhola Gonvarri Corporación Financiera cancelar um plano de injetar cerca de 350 milhões de euros (US$ 375,85 milhões) na empresa sediada em Sevilha, disse a Abengoa na documentação regulatória entregue pela empresa. “A companhia continuará as negociações com os credores, com o objetivo de chegar a um acordo para garantir sua viabilidade financeira”, afirmou a companhia, mas o prazo para negociar com os credores, que era de até quatro meses, já está vencendo e até o momento nada de concreto foi apresentado.

A Abengoa, cujo valor de mercado caiu para 300 milhões de euros, registrou endividamento financeiro bruto de 8,9 bilhões de euros no terceiro trimestre de 2015.

Belo Monte – A Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Rio Xingu (PA), vai acionar as primeiras turbinas nos próximos meses, mas poderá ter problemas para escoar a energia gerada para outras regiões do país. Em um primeiro momento, quando a geração de Belo Monte ainda estiver baixa, a energia será transmitida diretamente para o Sistema Interligado Nacional, pela subestação Xingu, situada no município paraense de Vitória do Xingu. No entanto, quando a geração aumentar, pode haver dificuldades para escoar toda a energia.

As linhas de transmissão que deverão levar a energia de Belo Monte à Região Nordeste que estavam sendo construídas pela Abengoa, foram paralisadas no fim do ano passado porque a matriz da empresa, na Espanha, entrou em recuperação judicial. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o atraso nesses empreendimentos poderá restringir a geração de energia em Belo Monte até a entrada da primeira grande linha de transmissão do empreendimento.

Fonte:jornalnovafronteira
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