A safra de cereais, leguminosas e oleaginosas da Bahia deve totalizar este ano 9.113.562 toneladas, o que representa um aumento de 12,80% em relação à safra de 2017 (8.078.077 toneladas). No país como um todo, a previsão é de uma queda de 5,3% na produção de grãos, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo do ciclo, beneficiaram, principalmente, as lavouras do Oeste baiano. Resultado: pela primeira vez neste ano, a previsão é de que a safra de soja na Bahia, fortemente concentrada no cerrado, seja maior que a de 2017: 5.572.800 toneladas - 436.800 toneladas a mais que no ano passado.
Vale destacar que a soja é o produto de maior representatividade dentre os investigados na Bahia. O estado responde por 4,8% da produção nacional do grão.
Ainda de acordo com o levantamento do IBGE, a Bahia deve colher este ano 1.128.904 de toneladas de algodão herbáceo - 35,4% a mais que em 2017 (833.490 toneladas). O estado é o segundo maior produtor de algodão do país e deve responder por 23,9% da safra nacional em 2018. Mato Grosso lidera, representando 66,1% da estimativa da produção.
Já a estimativa para a primeira safra de milho é de uma colheita de 1.897.740 toneladas - 25,1% a mais em relação à safra de 2017. A lógica de mercado, de que quanto maior a oferta menor é o preço do produto, não se aplica ao milho baiano, ao menos no momento atual. O aumento da safra 2018 em relação a 2017 tem significado este ano alta de preços de até 54% na saca de 60 quilos.
Lógica - A inversão da lógica de mercado tem explicações: o preço nacional de milho é regulado com base na produção dos estados de Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, os principais produtores do grão.
Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), em junho houve reajustes negativos para a segunda safra de milho de 5,8% no Paraná (-5,8%), Goiás (-4,2%) e em São Paulo (-13,6%), em relação a maio passado. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não tiveram variação entre maio/junho, enquanto que na a Bahia o crescimento da produção está sendo calculada em 380.860 toneladas.
De acordo com o gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, o problema maior nesses estados com queda na produção é a estiagem, que afetou primeiro a lavoura da soja na Argentina e depois atingiu o Sul do Brasil.
“No Paraná , foram 40 dias sem chuvas”, disse Guedes, informando em seguida que houve ainda uma retração de 7,3% na área plantada, uma vez que os produtores deram prioridade a cultivar a soja, que possibilita maior rentabilidade. “Já a Bahia, voltou a crescer com chuvas melhores”, acrescentou.
Na Bahia, a produção de milho ocorre nas regiões Oeste (maior concentração) e do Sertão (na área de Ribeira do Pombal, Adustina e Irecê). No Oeste, onde a produção maior ocorre nas cidades de São Desidério, Correntina e Formosa do Rio Preto, em julho de 2017, a saca de 60 quilos do milho era comercializada por R$ 22, este ano sai por R$ 32. Melhor preço está no sertão: de R$ 40 em 2017 para R$ 50 em 2018.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) Humberto Miranda destacou que a regularidade das chuvas está sendo fundamental para esses bons resultados, garantindo aumento da participação baiana na produção brasileira de grãos neste ano, subindo de 3,6% (previsão de maio), para 4%.