Entre 79 pacientes pediátricos graves com Covid-19 de um estudo, dez (12,65%) apresentaram síndrome inflamatória multissistêmica.
A doença atinge crianças e adolescentes, e aqueles com histórico de infecção pelo novo coronavírus têm apresentado mais tendência a desenvolvê-la. A pesquisa foi divulgada pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab).
Os sintomas incluem febre alta e persistente, diarreia e dor abdominal, erupções cutâneas em todo o corpo e irritação das membranas mucosas, edema de mãos e pés e cefaleia. Em alguns casos, também ocorrem manifestações cardiológicas. Além disso, foram vistos sintomas gastrointestinais graves e marcadores inflamatórios mais elevados entre os que participaram do estudo.
De acordo com o balanço mais atualizado no Brasil, do dia 18 de setembro, 197 registros da síndrome foram feitos, com 14 mortes. Na Bahia, os dados apontam 11 casos e um óbito.
"A síndrome inflamatória multissistêmica é uma condição nova, que necessita de mais estudos, especialmente aqui no Brasil. Embora esses casos descritos tragam preocupação em relação a uma característica nova, aguda e grave da Covid-19 em crianças e adolescentes, vale ressaltar que tais ocorrências foram raras até o momento.", afirma Vivian Botelho, pediatra do Hospital Instituto Couto Maia (ICOM), da Bahia, uma das 19 unidades a participar do estudo.
A pesquisa envolveu crianças de 1 mês a 19 anos de idade, com média de 4 anos. Os pacientes mais vulneráveis ao agravamento da Covid-19 foram aquelas portadoras de comorbidades prévias. Predominaram as doenças neuromusculares (28%), principalmente encefalopatia não progressiva.
utras comorbidades, como doença respiratória crônica, doença onco?hematológica, doença cardíaca congênita e desnutrição, também foram prevalentes. A mortalidade foi de 3%, dentro dos parâmetros já apresentados em outros países (até 4%).
A idade inferior a um ano não foi associada a um pior prognóstico. O tempo médio de internamento na UTI foi de cinco dias e 18% necessitaram de ventilação mecânica invasiva.
Nos pacientes avaliados na pesquisa foram usados antibióticos, oseltamivir e corticosteroides em 76%, 43% e 23%, respectivamente. Os pacientes não receberam hidroxicloroquina.
Vivian Botelho Lorenzo diz que até o momento não existe nenhuma medicação específica que tenha evidência para o tratamento da Covid-19 em pacientes pediátricos. “O tratamento utilizado consiste em realizar controle da sintomatologia. Nos casos específicos da síndrome inflamatória multissistêmica, acompanhando os relatos mundiais, temos utilizado imunoglobulina humana, aspirina e algumas vezes corticóides associados. Todos os nossos casos de pacientes com síndrome inflamatória multissistêmica internados no ICOM, até o momento, tiveram uma boa resposta ao tratamento" conta a pediatra.