Em uma visita relâmpago a capital baiana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conseguiu levar em seu comboio mais "seguranças" que apoiadores, nesta sexta-feira (4). Com uma chegada rápida na Assembleia Geral promovida pela Convenção Estadual das Assembleias de Deus da Bahia (Ceadeb), e com poucos acenos aos presentes, o presidente permaneceu por pouco mais de uma hora no local.

Chamou atenção a grande quantidade de seguranças e policiais rodoviários federais, que se destacavam na multidão de agentes. Como cortesia, o governo do estado da Bahia forneceu uma quantidade de policiais militares para promover a segurança do chefe do Executivo federal. Em uma rua estreita no bairro do Costa Azul, apoiadores e imprensa ficaram separados por uma grade, numa triste lembrança do cercadinho do Palácio da Alvorada, onde os jornalistas lidavam com improprérios e agressões verbais - qualquer semelhança, inclusive, não é mera coincidência.

Sob gritos de "mito", "eu vim de graça" e "minha bandeira jamais será vermelha", Bolsonaro saiu de forma rápida. Também era possível ouvir algumas panelas, numa espécie de protesto pré-eleitoral. Pareceu um ato da campanha de 2018, quando a aura mítica de Bolsonaro sobre se sobrepunha a qualquer ato do então candidato ou quando ainda havia algum risco de uma vitória do PT nas urnas. Nenhuma das duas coisas se manteve desde então. 

Com alguns batedores, a passagem do presidente por Salvador, ainda sem vestir efetivamente a faixa presidencial numa visita à capital baiana, foi breve e deixou alguns apoiadores irritados por aguardar um contato mais próximo: "Ô Bolsonaro, pelo amor de Cristo! Meu deus, deixa ele descer. Gente, pelo amor de Deus! Gente, ele foi gente, ó pra lá. Gente, é mentira isso."

O mais perto que um entusiasta do presidente chegou foi entregar um quadro, onde Jair, montado em seu cavalo, acenava para uma bandeira do Brasil. A cena seria icônica, se não provocasse uma referência indireta a letra de uma música: "Povo marcado, ê/ povo feliz".