A pouco menos de dois anos para o início da próxima Copa do Mundo, o Catar garante que jamais houve um país sede tão avançado em termos de preparo para o evento, que terá início em novembro 2022. O Comitê Organizador do torneio afirma que cerca de 90% da infraestrutura necessária está pronta e o restante será entregue até o fim deste ano.
Além de sistema de ar condicionado e arquitetura moderna, as novas arenas foram erguidas dentro de novos parâmetros de sustentabilidade.
– Cerca de 90% da infraestrutura está completa. Tudo está em um nível de avanço que nenhuma outra sede anterior da Copa conseguiu atingir a dois anos antes do torneio”, garantiu ao Estadão a diretora do Supremo Comitê para Entrega e Legado do Catar, Fatma Al Nuaimi.
Sede das duas últimas Copas, Brasil e Rússia chegaram a inaugurar estádios apenas um mês antes da abertura.
Uma outra diferença marca a organização da Copa no Catar em comparação às duas últimas edições. Em vez de 12 arenas, o Mundial será disputado em somente oito estádios. Cinco deles já foram inaugurados e os outros três serão finalizadas em 2021.
– Nós decidimos que oito é o número de estádios que o Catar vai precisar no período pós-Copa. Isso nos garante que não teremos nenhum ‘elefante branco’ deixado para trás depois do torneio – explicou a diretora.
A Copa foi transferida para o fim do ano para evitar o forte calor no país em julho. A temperatura média em dezembro varia de 18ºC a 24ºC, porém a organização quer dar ainda mais refresco aos jogadores e torcedores. Os estádios vão ter um complexo sistema de ar condicionado. A tecnologia tem sido aprimorada desde 2010 em uma parceria com uma universidade local.
Porém, o grande orgulho da organização não é a temperatura dos estádios, mas sim a tecnologia na construção deles. Pela primeira vez a Copa será disputada em uma arena desmontável, a Ras Ras Abu Aboud. Os demais estádios também têm em parte estruturas modulares.
– Depois da Copa a estrutura modular será desmontada e usada para criar outras instalações esportivas no Catar. Mais de 170 mil assentos desmontáveis serão doados para nações que são carentes de estruturas – comentou a diretora.
As obras utilizaram o máximo possível de produtos locais para fomentar a economia do país. O meio ambiente foi também uma grande atenção.
– Usar recursos sustentáveis tem sido nossa prioridade. Cerca de 15% dos materiais de construção dos estádios vieram de itens reciclados- contou Fatma.
O Catar será o menor país a já ter recebido uma Copa e, por isso, o torneio terá uma logística bem diferente, sem precisar de viagens longas. Todas os estádios vão ficar nos arredores da capital, Doha, dentro de um raio de apenas 60 km. A proposta do comitê é que os torcedores se locomovam por metrô de uma sede para outra. Será possível até mesmo acompanhar mais de uma partida no mesmo dia. Pelo país também há várias obras em andamento para ampliar a rede de hotéis e de serviços.
Os trabalhos também estão em ritmo avançado para construir os quase 40 campos de treinos necessários para abrigar as seleções. Cerca de 19 mil operários atuam nas obras, vários deles estrangeiros. A pandemia do novo coronavírus pouco interferiu no ritmo de trabalho. A organização explicou ter precisado afastar 55 trabalhadores que tinham fatores de risco para a doença.
EVENTOS PREPARATÓRIOS
O Catar virou o destino de vários torneios importantes de futebol para testar as instalações e o esquema de organização. Em 2019 o país recebeu o Mundial de Clubes, vencido pelo Liverpool, e novamente sediará a próxima edição do torneio, confirmado para fevereiro. No entanto, o grande teste para o Mundial será em dezembro de 2021.
Após a Fifa anunciar que não vai mais realizar a Copa das Confederações, o Catar decidiu procurar um outro grande torneio de seleções para testar a estrutura do país. A inédita Copa Árabe vai reunir 22 países e será disputada em sete arenas.
– A Copa das Confederações reunia somente oito seleções e era vista pela Fifa como um prova essencial a um ano antes da Copa. O Catar vai receber 22 equipes e vai ter um teste muito mais exigente – explicou a diretora da organização.
*Estadão