Com a saída de Donald Trump da Casa Branca, o governo iraniano está pronto para retomar as negociações para a compra de aviões da Embraer. Foi o que disse à CNN o embaixador iraniano em Brasília, Hossein Gharib.
"O mercado iraniano de aviação é muito bom”, disse o embaixador. Ele contou que, logo depois do acordo nuclear de 2015, que pôs fim às sanções internacionais contra o Irã, o país começou negociações com várias fábricas de aviões: Boeing, Airbus, ATR, Bombardier e Embraer.
"Nossas negociações com a Embraer estavam avançadas em 2017, e pretendíamos comprar entre 40 e 50 aviões, creio que do modelo E-190”, lembrou Gharib. Um avião foi levado ao Irã, para test drive. "Depois que Trump chegou ao poder, em 2017, as negociações foram interrompidas.”
O então presidente americano rompeu o acordo nuclear firmado por seu antecessor, o democrata Barack Obama, e voltou a impor sanções ao Irã. Os países europeus continuaram no acordo, assim como a Rússia e a China, mas nenhuma grande empresa com negócios nos EUA se atreve a enfrentar as sanções.
"Já informei o CEO da Embraer [Francisco Gomes Neto] que, assim que ele estiver pronto, estou pronto para tentar retomar as negociações do ponto em que foram interrompidas em 2017”, declarou o embaixador.
As sanções americanas continuam em vigor. É provável que o novo presidente Joe Biden queira retomar o acordo nuclear, mas serão necessárias renegociações. O Irã atingiu recentemente o grau de 20% de enriquecimento do urânio, quando o limite previsto no acordo é de 3,67%.
À pergunta sobre se o Irã estaria disposto a retroceder, o embaixador, que já trabalhou diretamente com o chanceler Mohamed Javad Zarif em Teerã, afirmou: “Com certeza, porque o acordo é claro em relação aos compromissos de cada parte. Houve, se não me engano, 15 relatórios da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) atestando que o Irã implementou totalmente seus compromissos.
Gharib acrescentou: "Ainda somos parte do acordo, com os europeus, China e Rússia. O primeiro passo que os EUA precisam dar é implementar suas obrigações de acordo com a resolução do Conselho de Segurança”.