O presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Vilmar Marques, afirmou que pessoas com câncer de mama e outros tipos da doença devem ser incluídas no grupo de risco à Covid-19 para prioridade na vacinação. A declaração foi dada nesta sexta-feira (5), em entrevista a Agência Brasil.
"Esses pacientes têm de ser convocados para vacinação, sem demora. Imagine uma mulher fazendo quimioterapia. Se ela, porventura, vir a contrair covid-19, essa mulher tem o seu tratamento muito prejudicado. Além disso, quando grave, ela tem uma porcentagem muito maior de ser contaminada, do que qualquer outra pessoa”, argumentou o presidente.
Marques defendeu que os pacientes com câncer têm de ser vacinados de forma muito prioritária. Ele explicou que o mesmo acontece com mulheres com câncer de mama em tratamento, porque elas têm que se deslocar para hospitais e centros de atendimento para fazer exames.
Um levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama, em parceria com a SBM, aponta que o medo de contaminação pela Covid-19 durante o deslocamento e também ao dar entrada nas unidades de saúde causou queda de 45% no número de mamografias entre janeiro e julho de 2020, em comparação ao mesmo período do ano anterior. O presidente explicou que esses números refletem a queda no rastreamento mamográfico.
“Essas pacientes perderam a oportunidade de fazer um diagnóstico precoce da doença”, lamentou. O presidente afirmou que agora, por causa do aumento de mortes pela Covid-19 e em razão do "estrangulamento do sistema de saúde", muitos mastologistas diminuíram o movimento cirúrgico.
Para Marques, o número reduzido de vacinas e o tamanho continental do Brasil, com uma população superior a 210 milhões de habitantes, torna a logística de vacinação "muito complicada" no país.
“Infelizmente, todos se julgam prioritários. E se nós não levantarmos a bandeira do paciente com câncer, vão deixar esse grupo tão importante para a frente e os pacientes vão ser prejudicados”, apostou.
Ainda segundo a Agência Brasil, o presidente da SBM informou que será feito um novo levantamento até abril para traçar um retrato atual da mamografia no Brasil. Mas também afirmou que os exames estão se normalizando. "As mamografias estão voltando a ser realizadas porque os centros de diagnóstico e os hospitais são lugares muito seguros". A pesquisa demonstrará se as campanhas de orientação para rastreio mamográfico tiveram repercussão.