O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) iniciou, na manhã desta quarta-feira (3), mais uma fase da Operação Falso Negativo, que investiga fraudes na compra de testes da Covid-19. Promotores e policiais civis cumprem 15 mandados de busca e apreensão no DF e na Bahia. As ordens judiciais foram expedidas pela 5ª Vara Criminal de Brasília.
A nova fase da investigação apura dispensa de licitação, feita pela Secretaria de Saúde do DF para compra, supostamente superfaturada, de 48 mil testes para o novo coronavírus. Segundo a apuração, a qualidade dos produtos adquiridos é duvidosa. O processo foi realizado em maio de 2020. No total, a pasta gastou R$ 8,6 milhões.
A ação, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-DF) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), tem o apoio do Departamento de Combate à Corrupção (Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal, além do Gaeco e da Polícia Civil da Bahia.
Provas já obtidas pelas autoridades revelaram que o ex-secretário de Saúde do DF, Francisco Araújo, mantém relação de amizade com um dos empresários que operaram uma das companhias contratadas no curso da dispensa de licitação: Fábio Gonçalves Campos, da Matias Machado da Silva ME. Segundo as apurações, Fábio atuava na empresa de forma oculta.
Fábio Gonçalves era secretário parlamentar na Câmara dos Deputados. Ele permaneceu no cargo até 26 de agosto de 2020 e foi exonerado um dia após a deflagração da segunda fase da Operação Falso Negativo. A ação revelou inúmeras ilicitudes relacionadas à dispensa de licitação nº 18/2020 e à contratação da Matias Machado.
Os promotores apontaram que o ex-secretário de Saúde foi padrinho de casamento de Fábio. Também foram apresentadas conversas que comprovam toda a negociação que ocorreu nos bastidores. O Gaeco ainda conseguiu indicar que a esposa de Fábio, outra investigada e alvo da operação desta quarta, Renata D’Aguiar, também se envolveu nas tratativas do marido.